Não é complicado descobrir empresas que aplicam recursos em benefícios, programas de saúde, capacitações e até trajetórias profissionais, e ainda assim lidam com uma grande taxa de turnover e dificuldade na retenção de talentos. Qual é a razão disso?
Apesar de haver diversos fatores que afetam a retenção de um colaborador, a maneira como a organização reconhece e recompensa suas contribuições continua sendo uma das bases mais decisivas para essa decisão. E aqui não se fala apenas de um salário atrativo, mas da razão por trás da compensação.
Quando organizada de forma adequada, a remuneração se transforma em uma ferramenta eficaz na criação de laços fortes entre trabalhadores e a empresa. Ela indica o que é apreciado, incentiva a continuidade e proporciona previsibilidade ao desenvolvimento na organização.
Neste artigo, vamos explorar como a remuneração impacta diretamente a retenção de talentos, quais práticas fortalecem esse vínculo e o que a sua empresa pode fazer para construir um modelo estratégico, justo e eficiente.
Por que remuneração é um fator-chave na retenção?
A decisão de permanecer em uma empresa raramente se resume a um único fator. Mas, em um cenário de mercado competitivo, a remuneração costuma ser o ponto de partida da equação e, muitas vezes, o ponto de ruptura também.
Quando falamos em retenção de talentos, estamos nos referindo à capacidade da empresa de manter, ao longo do tempo, seus profissionais mais qualificados, alinhados com os objetivos estratégicos e engajados com a cultura da organização.
Nesse contexto, a remuneração é mais do que um custo fixo ou uma obrigação contratual: ela é um mecanismo de reconhecimento, valorização e estímulo. Se não for coerente com o esforço e a entrega do colaborador, dificilmente haverá engajamento contínuo.
Segundo a Harvard Business Review, políticas salariais claras e estruturadas ajudam a criar um ambiente de confiança, um dos pilares da retenção. Já a ausência de lógica ou transparência costuma gerar sensação de injustiça, desmotivação e fuga de talentos.
E isso não diz respeito apenas a salários nominais. A percepção de valor envolve também o formato da remuneração, os incentivos atrelados à performance, os critérios de evolução e a coerência com o mercado.
Salário fixo não basta: o que é uma remuneração estratégica?
Uma remuneração estratégica vai além do contracheque. Ela considera o ciclo de vida do colaborador dentro da empresa, seus objetivos, seu momento de carreira e sua contribuição real para os resultados. Essa abordagem envolve alguns pilares:
Competitividade externa
É fundamental que a empresa conheça as práticas do mercado em que atua. Isso não significa pagar sempre mais, mas sim oferecer pacotes coerentes com o perfil da vaga, da função e da região.
Coerência interna
Profissionais com funções similares, responsabilidades equivalentes e entregas próximas devem ter remuneração compatível. A ausência dessa coerência interna mina o senso de justiça e aumenta o risco de desligamentos voluntários.
Transparência e previsibilidade
Quando o colaborador entende como sua remuneração evolui, quais critérios são avaliados e o que ele pode fazer para crescer, o vínculo com a empresa se fortalece. A falta de previsibilidade, ao contrário, costuma gerar frustração.
Integração com performance e cultura
Um bom modelo de remuneração valoriza não apenas os resultados individuais, mas também os comportamentos alinhados com a cultura da empresa: colaboração, inovação, constância, entre outros.
Uma pesquisa da Deloitte (2023) indica que empresas com práticas consistentes de remuneração estratégica têm 1,8 vezes mais chances de manter seus talentos-chave do que aquelas que focam apenas no salário fixo.
Como estruturar uma política de remuneração que fideliza?
A construção de uma remuneração estratégica precisa considerar muito mais do que números. É uma engrenagem que conecta objetivos do negócio, cultura organizacional e necessidades humanas. Para reter talentos com qualidade, o modelo adotado precisa ser justo, transparente, sustentável e motivador.
Veja os principais caminhos para estruturar uma política que promova retenção de verdade:
Combinar salário fixo com variáveis bem definidos
O salário fixo é essencial para a segurança financeira do colaborador, mas ele, por si só, não impulsiona performance nem fideliza talentos no longo prazo. A variável entra como fator de reconhecimento e incentivo. O segredo está em usar critérios claros e atingíveis.
Por exemplo, é comum vincular parte da remuneração variável ao atingimento de metas, mas empresas mais maduras vão além: consideram também aspectos comportamentais, evolução de competências e contribuição coletiva. Isso evita a lógica de “heróis solitários” e estimula o crescimento em equipe.
Segundo levantamento da PwC (2022), programas de remuneração variável vinculados a múltiplos critérios (além de metas de vendas) aumentam em até 33% o tempo médio de permanência de profissionais de alta performance.
Reconhecer mais do que o resultado final
Talento não se mede só pelo número que aparece no dashboard. Compromisso com a rotina, capacidade de aprendizado, influência positiva sobre o time, resiliência e visão sistêmica são exemplos de atributos valiosos, mas que muitas vezes não entram na equação da remuneração.
O reconhecimento desses elementos, mesmo que não sejam diretamente atrelados a bônus, pode ser formalizado em trilhas de progressão, planos de carreira ou ajustes salariais baseados em avaliação de desempenho estruturada.
Reconhecer o esforço antes do êxito é uma das estratégias mais eficientes para manter talentos engajados no ciclo de longo prazo.
Tornar os critérios acessíveis e compreensíveis
Não basta ter um plano de cargos e salários. É essencial que o colaborador entenda como ele evolui. O que exatamente precisa entregar? Que comportamentos são valorizados? Como são avaliados os resultados? Quem decide?
A ausência de clareza gera ruído e abre espaço para comparações injustas. Já a previsibilidade reduz a ansiedade e aumenta o senso de justiça.
Uma referência útil é o modelo de carreira em Y, que permite a valorização de diferentes perfis, tanto os que desejam evoluir como líderes quanto os que preferem aprofundar suas competências técnicas. Assim, você retém múltiplos talentos sem forçar caminhos únicos.
Avaliar, revisar e escutar
Nenhum modelo de remuneração é estático. As motivações dos colaboradores mudam com o tempo, assim como as condições de mercado e as prioridades da empresa. Por isso, revisar os critérios periodicamente, colher feedbacks estruturados e ajustar o que for necessário é parte da estratégia.
Empresas que mantêm canais abertos para ouvir suas equipes sobre remuneração conseguem ajustar desvios, antecipar insatisfações e responder com mais agilidade aos movimentos do mercado.
Cultura organizacional e engajamento: onde a remuneração entra
Quando pensamos em retenção, é comum associar o engajamento à qualidade do ambiente de trabalho ou à liderança direta. Mas, na prática, a remuneração é um dos elementos mais tangíveis da cultura da empresa. Ela comunica de forma muito clara o que a organização valoriza e recompensa.
Se o modelo de remuneração está alinhado aos valores do negócio e às competências que se deseja desenvolver no time, ele atua como um catalisador da cultura. Caso contrário, pode reforçar comportamentos nocivos, como individualismo, excesso de competição ou foco exclusivo em curto prazo.
Por isso, reconhecer apenas quem “bate a meta” sem avaliar o como ela foi batida pode enfraquecer o espírito colaborativo, afetar o clima da equipe e, ironicamente, levar à perda de talentos promissores.
Indicadores para acompanhar
Ao revisar sua política de remuneração, vale observar se os critérios de reconhecimento estão alinhados a práticas de Employee Experience. Um bom ponto de partida é avaliar indicadores como:
- Taxa de turnover voluntário (por faixa salarial e tempo de casa)
- NPS interno e resultados de clima organizacional
- Percepção de justiça na remuneração (via pesquisas internas)
- Aderência aos valores da empresa no processo de avaliação de desempenho
Esses dados ajudam a entender como a remuneração está sendo percebida — e se ela contribui, de fato, para manter os talentos certos.
Ser Performance: apoio estratégico na construção de modelos eficazes
Construir um modelo de remuneração eficaz, equilibrado e que retenha talentos é uma responsabilidade que recai diretamente sobre os líderes da área de gestão de pessoas e de remuneração. São eles que conhecem as nuances do negócio, as estratégias da organização e os perfis dos colaboradores. No entanto, operacionalizar esse modelo com clareza, rastreabilidade e critérios bem definidos é um desafio à parte, e é exatamente aí que entra a Ser Performance.
A Ser oferece soluções que tornam o processo de remuneração mais transparente, organizado e seguro. Por meio de metodologias próprias e plataformas desenvolvidas para o RH e a liderança, a solução Ser permite:
- estruturar e registrar critérios objetivos para remuneração fixa e variável;
- garantir a rastreabilidade de todas as etapas do processo de aprovação;
- apoiar os líderes na avaliação de performance com base em evidências;
- integrar dados de comportamento e cultura de forma operacional às decisões de remuneração;
- facilitar a comunicação e a governança entre RH, lideranças e áreas de negócio.
Se sua empresa enfrenta dificuldades para manter o controle e a consistência nas práticas de reconhecimento, talvez seja hora de adotar uma solução que profissionalize essa etapa crítica da gestão de pessoas.
Conheça a Ser Performance e veja como podemos ajudar a transformar sua política de remuneração em uma verdadeira alavanca de retenção.eja como podemos ajudar a transformar sua política de remuneração em uma verdadeira alavanca de retenção.